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SENTIMENTOS QUE MATAM: COMO A CRIMINOLOGIA MIDIÁTICA E O MAU JORNALISMO FOMENTAM CRIMES PASSIONAIS, INTIMIDAÇÃO SISTEMÁTICA E OUTROS CRIMES
2019/2 até 2026/2
ESCOLA DE DIREITO, NEGÓCIOS E COMUNICAÇÃO
GRUPO DE ESTUDOS EM DIREITOS HUMANOS E DIREITO PENAL INTERNACIONAL
Direitos Humanos
CLAUDIA LUIZ LOURENCO
Objetivo Geral - Identificar a relação entre criminológica midiática e crimes passionais e outros crimes, como a intimidação sistemática (bullying), buscando evidenciar o processo imitativo consolidado, encarregado de retroalimentar o rentável mercado do medo.
Objetivos Específicos
- Estabelecer os parâmetros que possam relacionar a criminologia midiática com os crimes passionais e/ou a intimidação sistemática (bullying) e outros crimes.
- Caracterizar a importância da criminologia nos estudos e pesquisas visando contribuir com a diminuição de tais condutas criminosas.
- Analisar como o processo cultural contribui para esses delitos.
- Identificar a mídia como fomentadora de crimes dessa natureza através do processo imitativo.
- Destacar a ineficiência das políticas públicas de prevenção com ênfase na ausência de políticas específicas.
- Apontar o papel político das grandes corporações midiáticas concatenadas ao descompromisso estatal no que tange à prevenção.
- Discutir a Lei no 13.185, de 6 de novembro de 2015, que previu o programa de combate e prevenção contra o bullying e como ele se relaciona com crimes passionais.
O Mapa da Violência 2015 evidência a crescente escalada dos crimes passionais registrados entre os anos de 1980 e 2013. Neste período houve um total de 106.093 mulheres vítimas de homicídio, sendo que o número de vítimas passou de 1.353 em 1980, para 4.762 no ano de 2013, que ocasionou um aumento significativo de 252%. A taxa que era de 2,3 vítimas por 100 mil no ano de 1980, subiu para 4,8 em 2013, um aumento de 111,1%. Se considerar-se os meios utilizados, o estrangulamento/sufocação, os objetos cortantes/penetrante, contundentes e outros meios com exceção da arma de fogo, foram os mais utilizados nas vítimas do sexo feminino. É importante analisar os locais onde ocorreram os homicídios no período em questão, sendo que quase a metade dos homicídios masculinos ocorreram em via pública, com poucas ocorrências em domicilio. Já analisando os homicídios femininos, mesmo considerando que 31,2% acontecem nas ruas, os que acontecem em domicilio são consideravelmente mais numerosos se comparados com os masculinos, 27,1% no feminino e 10,1% no masculino. Outro dado importante é que para as jovens e adultas entre 18 a 59 anos de idade, tem os parceiros e ex-parceiros são os principais agressores, concentrando a metade de todos os registros. O crescente aumento de crimes passionais com pouco ou nenhuma eficiência em sua prevenção evidenciam o equívoco na condução desses casos. Os crimes passionais historicamente justificados pela cultura machista e violenta da sociedade brasileira agora contam com o impulso da mídia criminológica, que fortalecida pelo modelo estadunidense de mídia transmite uma mensagem de um ideal político de violência. Como estudo científico, por volta dos anos 70, na região escandinava, o bullying passou a denominar condutas, típicas em escolas, de intimidação sistemática entre pares, no interior de um decurso civilizatório no Ocidente que passa a imputar reconhecimento a agressões de feitio moral. No Brasil, a acepção de bullying popularizou-se somente mais tardiamente, em meados da primeira década dos 2000. Entretanto, desde sempre ele esteve presente, e com a popularização do conceito, ainda que mal compreendido, este tem servido como justificação para a prática de determinadas condutas criminosas, a exemplo da recente tragédia ocorrida em Suzano/SP. A mídia busca na falta de esclarecimento a desconstrução da realidade através de um discurso muitas vezes imperceptível à maioria dos telespectadores. Diferente de outros meios de controle utilizados pelo estado, as corporações detentoras da mídia, buscam em pesquisas o principal efeito da propaganda na vida das pessoas e apostam intimamente nos efeitos desta mensagem no indivíduo, persuadindo-o manipulando-o e quase sempre, o influenciando a agir dando início a fenômenos imitativos. As grandes corporações midiáticas latino-americanas buscam na exploração do crime e na falta de segurança, o medo e o pânico moral e encontram nas vítimas a principal fonte que alimenta o show. Desta forma vítimas pré-selecionadas, transformam-se em astros televisivos. Ato contínuo buscam uma resposta, cobrando do estado uma solução imediata, como se a preocupação maior fosse dor das vítimas e não um lucro demasiado. Bauman (1999) explica que vivemos uma era narcisista, obcecada pelo consumo intensivo, pela busca de atenção, auto exposição e sensacionalismo e é nesse contexto que a vítima cai nas garras impiedosas das corporações midiáticas. O criminoso nesses meios de comunicação ganha especial atenção, despertando certo fascínio principalmente nos mais jovens, alimentando, dessa forma, a vaidade criminal e nutrindo em alguns telespectadores um sentimento de inveja. Compreendendo a posição de ascensão da mídia frente aos demais protagonistas da trama midiática é possível alterar o enfoque que costumeiramente recai sobre o criminoso, para a própria mídia como responsável pelo fenômeno de imitação que se retroalimenta e culmina em uma onda crescente de violência de ordem passional. Identificar os reais fatores que influenciam no aumento desses crimes violentos é também contribuir para a diminuição e prevenção desses acontecimentos. Seria a criminologia midiática um dos motivos para o aumento em quantidade e complexidade dos crimes, sejam eles passionais ou não?
Nome | Função no projeto | Função no Grupo | Tipo de Vínculo | Titulação Nível de Curso |
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CLAUDIA LUIZ LOURENCO
Email: claudialuiz@pucgoias.edu.br |
Coordenador | Pesquisador | [professor] | [doutor] |