O fenobarbital é amplamente utilizado na medicina veterinária para controle de crises convulsivas em cães e gatos, sendo a primeira escolha em casos de epilepsia idiopática devido à sua eficácia em modular a excitabilidade neuronal por meio do aumento da atividade do GABA. No entanto, o uso crônico desse fármaco pode gerar efeitos colaterais significativos, especialmente no fígado, que desempenha um papel crucial no metabolismo do medicamento. Alterações como elevação de enzimas hepáticas (ALT, FA) e hepatotoxicidade são preocupações frequentes em animais tratados, particularmente em casos de administração prolongada ou em pacientes predispostos a doenças hepáticas. Estudos prévios indicam que o fenobarbital induz proliferação do retículo endoplasmático liso e alterações histológicas hepáticas, incluindo hipertrofia celular e necrose, além de impactar os níveis séricos de bilirrubinas, albumina e colesterol. Embora esses efeitos sejam reconhecidos, as pesquisas existentes ainda são limitadas por amostras reduzidas ou dados retrospectivos, dificultando a generalização dos resultados e a compreensão plena dos padrões de alterações hepáticas em populações distintas de cães e gatos. Este projeto objetiva investigar os efeitos hepáticos do uso crônico de fenobarbital, utilizando dados laboratoriais coletados no Laboratório de Patologia Clínica da PUC Goiás, com amostras provenientes de parcerias com veterinários neurologistas de Goiânia. Busca-se, com isso, avaliar parâmetros laboratoriais (enzimas hepáticas, bilirrubinas, glicemia, entre outros), correlacionando-os com fatores como duração do tratamento e espécie. Espera-se identificar diferenças específicas entre cães e gatos e propor protocolos mais eficazes para o monitoramento hepático em tratamentos prolongados. O estudo visa não apenas fornecer informações científicas relevantes para a prática clínica veterinária, mas também contribuir para o bem-estar animal, reduzindo riscos associados ao uso crônico do fenobarbital. Os resultados esperados incluem publicações científicas, formação de futuros profissionais com experiência em pesquisa e diretrizes que otimizem o manejo clínico de pacientes em tratamento prolongado com esse medicamento.

Objetivo Geral 

Avaliar os efeitos do uso crônico de fenobarbital na avaliação laboratorial hepática de cães e gatos, por meio de marcadores de função e lesão, com o objetivo de identificar alterações bioquímicas e suas relações com fatores como duração do tratamento, dose administrada e espécie.

Objetivos Específicos (ou secundários)

1.Analisar os níveis de enzimas hepáticas, como alanina aminotransferase (ALT), gama glutamil-transferase (GGT) e fosfatase alcalina (FA), em cães e gatos submetidos ao uso crônico de fenobarbital.

2. Avaliar possíveis alterações nos níveis de bilirrubinas totais e frações e albumina em cães e gatos submetidos ao uso crônico de fenobarbital.

3. Avaliar possíveis alterações nos níveis de colesterol, ureia e glicemia em cães e gatos submetidos ao uso crônico de fenobarbital. 

4. Correlacionar os achados laboratoriais com a duração do tratamento e a mensuração sérica do fármaco. 

5. Comparar os resultados obtidos entre as espécies canina e felina, identificando diferenças nos efeitos hepáticos.

6. Comparar os valores séricos obtidos em exames laboratoriais para avaliação hepática de cães e gatos em diferentes períodos de tratamento.

7. Comparar os valores séricos de exames laboratoriais para avaliação hepática dos valores de referencia para as espécies e aqueles submetidos ao tratamento com fenobarbital.

8. Propor diretrizes para o monitoramento da saúde hepática de pacientes em uso prolongado de fenobarbital

Embora a literatura existente reconheça a hepatotoxicidade como um efeito colateral potencial, ainda há necessidade de estudos que explorem a extensão e os padrões dessas alterações laboratoriais em populações distintas de animais tratados. 

Além disso, a  alta frequência de prescrição de fenobarbital e a necessidade de monitoramento adequado da função hepática de pacientes em tratamento crônico justifica a execução do projeto. Alterar a função hepática pode comprometer a eficácia do tratamento e a qualidade de vida dos animais, além de aumentar o risco de complicações clínicas graves. Assim, compreender os impactos desse fármaco na função hepática por meio de avaliações laboratoriais contribui para a otimização da terapia e para a promoção da saúde animal.