Detalhes do Projeto de Pesquisa

O PROTAGONISMO DAS MULHERES NEGRAS NA FESTA DE SANTA EFIGÊNIA EM GOIÁS: RESISTÊNCIA CULTURAL E RELIGIOSA NOS SÉCULOS XIX E XX

Dados do Projeto

1091

O PROTAGONISMO DAS MULHERES NEGRAS NA FESTA DE SANTA EFIGÊNIA EM GOIÁS: RESISTÊNCIA CULTURAL E RELIGIOSA NOS SÉCULOS XIX E XX

2025/1 até 2028/2

ESCOLA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES E HUMANIDADES

MORES: GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE RELIGIOSIDADES, IDENTIDADES E SENSIBILIDADES

RELIGIÃO, SENSIBILIDADE E INTERSECCIONALIDADE NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE

ROSEMARY FRANCISCA NEVES SILVA

Resumo do Projeto

A pesquisa tem como objetivo analisar o protagonismo das mulheres negras na Festa de Santa Efigênia em Goiás, nos séculos XIX e XX, compreendendo como essa celebração se consolidou como um espaço de resistência cultural e religiosa, além de um instrumento de preservação da memória e identidade afro-brasileira. O estudo propõe-se a investigar de que maneira a Festa de Santa Efigênia, um evento tradicional no estado de Goiás, tornou-se um locus de resistência frente às dinâmicas de opressão e marginalização das populações negras no Brasil, especialmente no contexto goiano. A pesquisa parte da seguinte problemática: Como as mulheres negras exerceram seu protagonismo na Festa de Santa Efigênia em Goiás durante os séculos XIX e XX, e de que maneira essa celebração se consolidou como um espaço de resistência cultural e religiosa frente às dinâmicas de opressão e marginalização social impostas às populações negras nesse período? A hipótese central é que as mulheres negras desempenharam um papel fundamental na preservação e transformação da Festa de Santa Efigênia, utilizando-a como um meio de resistir às pressões da escravidão e da marginalização social, ao mesmo tempo em que reafirmavam sua identidade religiosa e cultural afro-brasileira. O estado da arte sobre o tema envolve os estudos de autores como Rosinalda Côrrea da Silva Simoni, Cristina Moraes, Paulo Bertran, Mary Karasch, Carolina Santos, Sebastião Rios e Talita Viana, Thais Alves Marinho, que discutem a religiosidade afro-brasileira, a resistência cultural das mulheres negras e as práticas religiosas em espaços de opressão. Esses autores proporcionam uma base sólida para entender o papel das mulheres negras nas manifestações religiosas e culturais, especialmente em contextos de exclusão social. O referencial teórico será estruturado a partir dos conceitos de resistência cultural e religiosa, identidade afro-brasileira, protagonismo feminino negro e práticas religiosas afro-brasileiras, aplicados à análise do fenômeno religioso de Santa Efigênia. A metodologia adotada será a pesquisa bibliográfica e documental, com ênfase na análise qualitativa das fontes históricas e religiosas, como registros de festividades, documentos oficiais, jornais e outros materiais da época. A pesquisa será desenvolvida por meio da análise das fontes históricas e documentos relativos à Festa de Santa Efigênia, identificando os mecanismos de resistência cultural e religiosa empreendidos pelas mulheres negras nesse contexto. A análise qualitativa dessas fontes permitirá uma compreensão aprofundada das práticas religiosas e culturais associadas à festa e ao protagonismo das mulheres negras. A produção de artigos acadêmicos, participação em congressos nacionais e internacionais de História e Ciências da Religião, além da submissão de capítulos de livros, serão os principais resultados esperados da pesquisa. Esses produtos contribuirão para a ampliação do conhecimento sobre a presença e a atuação das mulheres negras nas práticas religiosas e culturais no Brasil, especificamente em Goiás, e promoverão a disseminação de novos conhecimentos sobre a resistência cultural negra. Ao longo dos quatro anos de pesquisa, a análise crítica das fontes históricas, a produção de artigos e a participação em eventos acadêmicos serão fundamentais para consolidar a compreensão do papel das mulheres negras na Festa de Santa Efigênia e sua importância como expressão de resistência e preservação da identidade afro-brasileira. A pesquisa visa ainda fortalecer a visibilidade da religiosidade afro-brasileira no Brasil, valorizando as práticas culturais e religiosas que emergem da história das populações negras.

Objetivos

Objetivo Geral


Analisar o protagonismo das mulheres negras na Festa de Santa Efigênia em Goiás, nos séculos XIX e XX, investigando a celebração como um espaço de resistência cultural, religiosa e de afirmação da identidade afro-brasileira.


Objetivos Específicos


  • Investigar as origens históricas e os processos de consolidação da Festa de Santa Efigênia em Goiás, analisando suas conexões com as tradições religiosas e culturais afro-brasileiras.
  • Examinar o papel das mulheres negras na organização, liderança e perpetuação da Festa de Santa Efigênia, destacando suas ações de resistência cultural e religiosa no contexto das dinâmicas de opressão racial e de gênero.
  • Compreender a construção da memória e da identidade afro-brasileira na Festa de Santa Efigênia, verificando como essa celebração contribui para a preservação e reinterpretação dos saberes e valores das comunidades negras em Goiás.


Justificativa

                A escolha do tema "O Protagonismo das Mulheres Negras na Festa de Santa Efigênia em Goiás: Resistência Cultural e Religiosa nos Séculos XIX e XX" surge da necessidade de aprofundar o entendimento sobre o papel das mulheres negras na preservação e transmissão de saberes culturais e religiosos nas comunidades afro-brasileiras, especialmente em contextos de resistência e marginalização. A festa de Santa Efigênia, em Goiás, oferece um rico campo para investigar como a religiosidade, associada ao protagonismo feminino, se tornou uma forma de resistência frente aos processos históricos de opressão e silenciamento das populações negras.

                O protagonismo das mulheres negras, em particular, tem sido um tema amplamente discutido nas últimas décadas, sendo reconhecido como um componente central na luta pela preservação da identidade cultural e religiosa afro-brasileira. Autoras como Rosinalda Côrrea da Silva Simoni (2012) e Cristina Moraes (2016) enfatizam a importância da atuação das mulheres negras no fortalecimento das tradições e práticas culturais, especialmente em espaços de religiosidade, que se tornam locais de resistência contra a opressão colonial e racista. Para essas autoras, a religiosidade popular, frequentemente vista sob a ótica do sincretismo, é, na verdade, uma manifestação de resistência cultural que as mulheres negras ajudam a consolidar e perpetuar ao longo das gerações.

                O estudo do protagonismo das mulheres negras em festas como a de Santa Efigênia também se insere em uma reflexão mais ampla sobre a luta contra o apagamento das contribuições das comunidades negras para a construção das práticas culturais brasileiras. Paulo Bertran (2000) e Mary Karasch (2006) destacam como, durante os séculos XIX e XX, as mulheres negras não apenas mantiveram e transmitiram as práticas religiosas afro-brasileiras, mas também desempenharam um papel fundamental na luta pela afirmação da identidade negra frente às imposições sociais e culturais externas. A pesquisa sobre as mulheres negras em Goiás, no contexto da festa de Santa Efigênia, nos permite observar como essa resistência cultural se desdobrou em práticas cotidianas e festivas, com destaque para o empoderamento feminino dentro de um espaço tradicionalmente dominado pela religiosidade católica.

                Além disso, Carolina Santos (2010) e Sebastião Rios (2014) ressaltam a importância da religiosidade afro-brasileira como um instrumento de resistência política e social. As festas religiosas, como a de Santa Efigênia, são espaços onde as mulheres negras atuam não só como mantenedoras de tradições, mas também como líderes espirituais e políticas em suas comunidades. Este protagonismo feminino em ambientes de resistência religiosa se configura como um aspecto crucial na análise da luta contra a marginalização e o racismo, e no fortalecimento da identidade das populações negras.

                Talita Viana (2019), Leila González(2020), Ana Maria Gonçalves(2006) e Abdias Nascimento(1978), Djamila Ribeiro (2019) e outros autores contribuem para a compreensão das práticas culturais como um ponto de resistência diante das pressões do racismo estrutural, sublinhando a importância das mulheres negras na construção de espaços de afirmação e visibilidade. O estudo da Festa de Santa Efigênia, portanto, não só ilumina o papel das mulheres negras como protagonistas dessa celebração, mas também evidencia como suas ações contribuíram para a resist(ência cultural e religiosa ao longo de dois séculos, consolidando as bases de uma identidade afro-brasileira resiliente.

                Essa pesquisa se justifica, portanto, pela necessidade de ampliar o entendimento sobre o papel central das mulheres negras na construção e manutenção das tradições religiosas e culturais, destacando a importância da Festa de Santa Efigênia como um espaço de resistência, de preservação de saberes ancestrais e de empoderamento feminino. Ao aprofundar esse estudo, busca-se contribuir para uma análise mais rica e detalhada sobre as práticas de resistência e a religiosidade negra em Goiás nos séculos XIX e XX, ampliando os debates sobre o protagonismo feminino na história da resistência negra no Brasil.



Equipe do Projeto

Nome Função no projeto Função no Grupo Tipo de Vínculo Titulação
Nível de Curso
GABRIELA SILVA CARVALHO
Email: carvalho.g705@gmail.com
Pesquisador Estudante [aluno] [null]
JOSE LUIZ DE CASTRO
Email: castrojluiz@yahoo.com.br
Pesquisador Pesquisador [professor] [doutor]
KARINE MARQUES RODRIGUES TEIXEIRA
Email: karinemrt@yahoo.com.br
Pesquisador Estudante [externo, aluno] [mestre, null]
ROSEMARY FRANCISCA NEVES SILVA
Email: rosemarynf@gmail.com
Coordenador Líder [professor] [doutor]
VERONNICA TELES DOS SANTOS SILVA
Email: veteles03051818@hotmail.com
Pesquisador Estudante [aluno] [null]