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A CARTOGRAFIA DA TRADIÇÃO: O CONSELHO FERDERAL DE CULTURA E AS POLÍTICAS PATRIMONIAIS
2025/1 até 2026/2
ESCOLA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES E HUMANIDADES
CULTURA, PODER E REPRESENTAÇÕES
Poder e representações
EDUARDO GUSMÃO DE QUADROS
- Geral – Estudar historicamente as noções básicas de nacionalidade e a utilização do patrimônio histórico, artístico e cultural para a difusão do projeto autoritário de sociedade implantado com a ditadura civil-militar em 1964.
- Específicos –
a) Identificar os efeitos da Guerra Fria na construção de um tempo histórico que reforçava os aspectos cívicos em detrimento da cidadania e que aponta para as qualidades da hegemonia capitalista;
b) Descrever as políticas oficiais estabelecidas pelo governo por meio de seus órgãos e publicações destinadas ao público mais amplo;
c) Analisar os valores que determinaram as escolhas oficiais, seja da política patrimonial, seja da seleção de objetos culturais, que representariam a brasilidade;
d) Observar as políticas do tempo implícitas nas produções bibliográficas realizadas pelo CFC;
e) Compreender criticamente a visão de história nacional difundida nos textos publicados e nos objetos investigados pelos pesquisadores que colaboraram com o CFC;
f) Formar novos pesquisadores, demonstrando a importância de demarcar as heranças ditatoriais na historiografia e na política patrimonial brasileira.
Esse projeto aproveita das reflexões feitas sobre a institucionalização das políticas do tempo (Esposito, F e Becker, T., 2023), acerca dos frágeis limites entre o passado e futuro social (Lorenz, c. e Bevernage, B., 2013) e os usos pragmáticos da história e da memória pelos sujeitos (Traverso, 2012). Pressupõe que, em especial para os regimes autoritários, tantas vezes surgidos de guerras e golpes de Estado, a elaboração de uma cronopolítica tornou-se estratégico. Trata-se não somente das tentativas de legitimação dos acontecimentos, de personagens e monumentos, mas também da necessidade de criar uma pedagogia na qual o futuro projetado pela liderança do movimento social torne-se hegemônica.
Com esse referencial adentramos na história das políticas patrimoniais, que tem progredido a passos largos desde o grande estudo de Gonçalves (1996), apesar de ainda poucos serem mais aprofundados, especialmente do ponto de vista regional. A maioria fez abordagens a partir dos quadros teóricos da história social, apontando como o projeto político dos dirigentes militares moldou uma visão de cultura (Fernandes, 2013), de que modo os institutos culturais agiram para demonstrar a “grandeza nacional” (Santos, 2019) ou as correntes de pensamento que guiaram a “pacificação da sociedade brasileira” (Maia, 2012). A síntese dessas pesquisas, ideia com a qual concordamos, é que por meio da instrumentalização do passado o regime ditatorial tentou “sobrepor a ideia de civismo à de cidadania”, como defendeu Maia (2014), em estudo que será referencial para o nosso.
Destarte, pretendemos investigar as tentativas, sistemática e intencional, de reelaboração do discurso histórico. Adorno (2008) tratou do tema em meados da década de sessenta, expondo seus perigos, quando a geração alemã do pós-guerra tentou reconfigurar o nazismo. A vontade de libertar-se de certo passado já seria um sintoma doentio da sociedade, pois não se pode simplesmente apagar as violências praticadas, testemunhadas e registradas, sob o risco de sua infinita repetição. E, como identificava com perspicácia, “o ideal fascista fundia-se com o nacionalismo nos países subdesenvolvidos” (2008, p.8), propagando seu alto grau de narcisismo coletivo ou mesmo delírios patológicos de grandeza. Aí estão fatores fundamentais do arquétipo autoritário que vigorava nos regimes militares.
Nome | Função no projeto | Função no Grupo | Tipo de Vínculo | Titulação Nível de Curso |
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EDUARDO GUSMÃO DE QUADROS
Email: eduardo.hgs@hotmail.com |
Coordenador | Líder | [professor] | [doutor] |