Detalhes do Projeto de Pesquisa

EFEITOS DA ATIVAÇÃO COMPORTAMENTAL COM INTERVENÇÃO NUTRICIONAL NOS ESCORES DE DEPRESSÃO, COMPORTAMENTO ALIMENTAR E PESO DE MULHERES COM OBESIDADE

Dados do Projeto

1032

EFEITOS DA ATIVAÇÃO COMPORTAMENTAL COM INTERVENÇÃO NUTRICIONAL NOS ESCORES DE DEPRESSÃO, COMPORTAMENTO ALIMENTAR E PESO DE MULHERES COM OBESIDADE

2025/1 até 2027/1

ESCOLA DE CIÊNCIAS SOCIAIS E DA SAÚDE

LABORATÓRIO DE ANÁLISE EXPERIMENTAL DO COMPORTAMENTO

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO

SONIA MARIA MELLO NEVES

Resumo do Projeto

Uma análise superficial indica que a obesidade consiste fundamentalmente em um desequilíbrio entre calorias consumidas e calorias gastas, no entanto, a obesidade é multifatorial e tem uma etiologia complexa, abrangendo aspectos biológicos, culturais, contextuais e comportamentais. Em decorrência da obesidade, sob o ponto de vista médico, ser considerada uma patologia, aos indivíduos é informado que devem manter o peso dentro de uma margem definida para que não sejam considerados portadores de uma doença crônica, ao passo que o corpo magro é observado e valorizado como o padrão de corpo saudável. O estigma do peso é responsável por uma série de consequências psicológicas negativas para aqueles que são alvos. Pesquisas demonstraram que indivíduos que experimentaram estigmatização relacionada ao peso apresentaram aumento no risco de depressão, baixa autoestima, ansiedade, imagem corporal distorcida, tendências suicidas e distúrbios alimentares. Um estudo de metanálise selecionou 15 estudos e encontrou associações bidirecionais entre a obesidade e a depressão, sendo que as pessoas com obesidade apresentaram um risco 55% maior de desenvolver depressão a longo prazo, enquanto as pessoas com depressão obtiveram risco um risco 58% maior de se tornarem obesas. Na perspectiva analítico-comportamental, avalia-se que na depressão a pessoa está desconectando-se gradativamente das fontes de prazer, da gratificação e das realizações nas diversas dimensões da vida, não encontrando forma de evoluir. As características que a pessoa deprimida apresenta envolvem rebaixamento do humor, relatos de sentimentos de vazio, apatia/anedonia (redução ou perda de prazer ou interesse em muitas atividades), alterações no apetite e ganho ou perda de peso consequentes. Um estudo sugere que, para pacientes com depressão e obesidade, pode ser clinicamente importante tratar a depressão e depois focar no peso. A Ativação Comportamental para depressão tem o objetivo de aumentar gradativamente a ativação de forma que os pacientes engajem em ter mais contato com fontes reforçadoras em suas vidas e maior repertório para resolução de problemas. Os procedimentos irão incentivar ainda a diminuição de processos comportamentais de fuga e esquiva. Um estudo encontrou que padrões alimentares saudáveis parecem estar associados a um risco significativamente reduzido de depressão. A dieta mediterrânea vem sendo apontada na literatura como um padrão alimentar que parece estar associada à prevenção e como coadjuvante na melhor da depressão e sintomas depressivos. Estudos que aplicaram a Ativação Comportamental em conjunto com intervenções no estilo de vida e/ou intervenções nutricionais fornecem indícios de eficácia no tratamento de pessoas com obesidade e depressão. O objetivo deste estudo é promover um tratamento de Ativação Comportamental com uma Intervenção Nutricional, para 12 mulheres com obesidade e indícios de depressão, a fim de verificar quais são os efeitos nos sintomas depressivos e a consequência no peso e no comportamento alimentar dessas mulheres.

Objetivos

Objetivo geral 

          Promover um tratamento de Ativação Comportamental com uma intervenção nutricional, para mulheres com obesidade e indícios de depressão, a fim de verificar quais são os efeitos nos sintomas depressivos, no comportamento alimentar e a consequência no peso.


Objetivos específicos 

  1. Aplicar o protocolo de Lejuez et al. (2001/2011) no tratamento dos sintomas depressivos em mulheres com obesidade;
  2. Monitorar e quantificar as mudanças comportamentais obtidas nos registros diários de automonitoramento e nos planejamentos diários das participantes, para verificar os elementos do processo terapêutico comportamental que atuaram nos resultados da intervenção;
  3. Avaliar a adesão das participantes à intervenção, através da frequência nas sessões, da execução das atividades terapêuticas propostas, dos relatos em sessão e nos diários de automonitoramento indicando engajamento nas atividades propostas;
  4. Avaliar os impactos da intervenção no IMC e no comportamento alimentar
  5. Realizar um estudo de aferição de integridade, aderência e competência do terapeuta ao protocolo aplicado.


Justificativa

A literatura disponível não é suficiente para informar tratamentos baseados em evidências visando a obesidade em comorbidade com a depressão (Cao et al., 2022). Quando se trata mais especificamente de tratamentos comportamentais, e mais especificamente ainda da terapia e Ativação Comportamental, os números são bem reduzidos. Estudos sobre os efeitos da Terapia de Ativação Comportamental em diversos contextos e populações tem sido amplamente realizados. No entanto, uma busca preliminar em portais de periódicos (CAPES, PubMed, APA PsycNet), sem filtros de busca, utilizando apenas os descritores mais genéricos “Behavioral Activation AND Obesity”, encontrou poucos estudos (Alfonsson et al., 2015; Kern et al., 2019; Arnott et al., 2020), desenvolvidos entre 2014 e 2024, que se propuseram a observar a eficácia dessa abordagem para o tratamento da depressão em pessoas com comorbidade de obesidade e depressão. Os resultados são ainda menores no Brasil, onde nenhum estudo com esta população foi encontrado em uma busca sem filtros, utilizando os descritores “Ativação Comportamental AND Obesidade” no Portal de periódicos da CAPES. Há pouco foco em tratar a depressão concomitantemente ou antes de promover a redução do peso. É possível observar a produção ampla de literatura sobre intervenções cujos objetivos sejam tratar a obesidade e/ou a compulsão alimentar (por exemplo, Dalle et al., 2020; Palavras et al., 2015) visando a redução calórica e consequentemente o emagrecimento, sem considerar identificar e intervir em aspectos da depressão que possam estar envolvidos em um quadro de obesidade e/ou de compulsão alimentar. 

Equipe do Projeto

Nome Função no projeto Função no Grupo Tipo de Vínculo Titulação
Nível de Curso
ELLEN FERREIRA DE CASTRO
Email: castrofellen@gmail.com
Pesquisador Estudante [aluno] [null]
SONIA MARIA MELLO NEVES
Email: soniamelloneves@gmail.com
Coordenador Pesquisador [professor] [doutor]